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sábado, 10 de julho de 2010

Retrovisor


Em mais uma segunda-feira chuvosa e corriqueira, desprovida de qualquer senso de novidade, mergulhada na mesmice do dia-a-dia. Os pingos gélidos de chuva cobriam por completo a frente do meu para-brisa. O coração aperta de repente, sendo inundado por um sentimento sem nome e sem precedente. A angústia me toma por completa, sem ao menos pedir licença.

Acelero o quanto posso, penso se ultrapasso, se o faço, nem noto. Olho pelo retrovisor, que mostras ruas, esquinas e avenidas. Me mostra o passado, o que passou e ninguém notou, mostra meus olhos refletindo lembranças, deixando claro que coisas realmente ficam para trás.

Caminhos foram escolhidos e consequências assumidas. A cobrança não é explícita, pior, é intrínseca. Acaba sendo inevitável não pensar nos caminhos que não escolhi, nas ruas por onde não andei, nos amigos que não conheci, nas bocas que não beijei e nas pessoas que não amei. Teria sido diferente?

Insegurança é reflexo, tomara que o mais brando deles, sabe-se lá o que ainda me espera.

domingo, 4 de julho de 2010

No anseio


No meu anseio de procurar algo, encontrei isso em um papel amassado no fundo de minha caixa verde...


“O caminho trilhado muitas vezes é confuso, impetuoso e turbulento. Outras vezes, porém, parece tudo tão claro e óbvio que viver, acaba sendo uma simples tarefa. Busco de forma intensa e profunda algo, que nem ao menos sei o que é. Imagino, fantasio e, porque não, invento. Procuro milhões de maneira de tentar entender o mundo a minha volta, as pessoas que me cercam e a vida que me abraça. No entanto quando, penso que comecei a entender alguma coisa, que estou indo no rumo certo, me olho no espelho. Intrigo-me com os meus próprios olhos castanhos. Desisto. Nem ao menos sei o que tem por trás desses arregalados olhos castanhos, quiçá saber alguma coisa da vida. Peguei-me agora pensando, por qual razão estou agora escrevendo isso? Tenho quase certeza que ninguém, além de mim e você, irão ler esse papel de caderno velho e amassado. Acabo de lembrar Helena. Sempre a olhava e a admirava por conta daquele caderno rabiscado e engraçado que ela trazia nos braços, pra lá e para cá. Acho que tudo o que ela sentia e pensava lá estava contido, suponho, pois nunca cheguei a perguntá-la o que ali tanto escrevia. Acreditava que deveria ser algo muito pessoal, então, sempre a deixava sozinha com seus pensamentos e um rabiscado caderno verde. 21/02/2007”

Lembro perfeitamente de ter te mostrado esse texto em uma ocasião. Foi então que achei, dobrado dentro de um envelope a tua resposta.


“O desejo inato de conhecer o mundo e a vida, todos têm, se isso te conforta amiga...O bom da vida é que sempre há alguém que se importa; sempre. No entanto, às vezes, a gente quer, no fundo, que essa pessoa não exista, para que nosso caminho seja mais árduo, mais diferente de toda essa massificação banalizada chamada vida. Por isto a escrita: para que pelo menos nossos sentimentos se eternizem. Parabéns pelas palavras. Nunca desista! Um beijo do teu eterno amigo.”


Olhos marejados e sentimentos eternizados. Sinto a tua falta, amigo.

O Princípio


Nada mais conveniente para uma primeira postagem do que tentar expor os motivos que me levaram a este blog.
Não lembro exatamente desde quando, talvez desde sempre, tenho uma grande admiração pela capacidade de quem consegue metamorfosear sentimentos em palavras. Meu imenso mar, muitas vezes turbulento, de sentimentos anseia por se manifestar. A escrita sempre acabou sendo o meu principal refúgio, meu escape. Um refúgio solitário, eu confesso, mas de uns tempos para cá, o simples fato de escrever já não está me satisfazendo. Preciso gritar e quero que alguém me ouça. Para tanto, precisei lutar contra meus medos e anseios provindos da minha autocrítica.
Lógica e semântica aqui não entrarão em questão, (nem tampouco a frase, nem a crase, nem a vírgula e ponto final.) o que vale aqui, acaba sendo a intenção.
Você que aqui vier um pouco de minha alma conhecerá. Bem vindo ao meu mundo, aos meus atalhos, retalhos e sobras.